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Em busca do parceiro ideal: sua empresa precisa de um sócio?

Ele pode trazer recursos e experiência e apoiar o empreendedor a superar suas fraquezas. Mas é preciso cuidado. Saiba o que levar em consideração ao escolher um aliado na gestão da empresa

O ditado “antes só do que mal acompanhado” faz todo sentido no matrimônio. E no mundo dos negócios não é diferente.

No entanto, da mesma maneira que os apaixonados andam em busca de uma "alma gêmea", muitos empreendedores também necessitam de sua metade da laranja: um sócio.

Mas, calma. Não pode ser qualquer um. A cara metade do negócio deve ser alguém de confiança, que some e ajude a suprir as carências profissionais do empreendedor. Um braço forte e uma mão amiga para perseguir um sonho.

Está procurando um novo sócio? Então se inspire ao conhecer as histórias de empreendedores e as orientações do consultor Marcelo Scharra, da Inside Business Design, agência de soluções estratégicas para pequenas e médias empresas.

TIPOS DE SÓCIOS

Basicamente, há dois modelos de sócios vitais para empreendedores.

O primeiro é o operador, um profissional dotado de competências técnicas e perfil complementares aos do fundador.

Esse tipo de sócio pode ser uma solução, por exemplo, para empresas em que o fundador é muito bom em vendas e relacionamento com a clientela, mas se descuida de outras áreas da organização, como as de back office.

O outro sócio é o investidor, também chamado de sócio estratégico ou smart money – um investidor anjo ou um fundo de venture capital.

Além de dinheiro, esse sócio, por possuir experiência no setor de atuação da empresa, pode orientar o empreendedor em decisões estratégicas e oferecer sua rede de relacionamento na prospecção de clientes, fornecedores e até outros investidores.

A carioca Passei Direito, que opera uma espécie de Linkedin para estudantes, firmou os dois tipos de sociedade em sua trajetória.

Em 2011, o estudante de administração Rodrigo Salvador teve a ideia de criar uma rede social para universitários. Por ser focado em negócios, ele terceirizou a programação do site. Porém, ao participar de uma seleção de uma aceleradora de negócios, foi orientado a ter um sócio técnico da área de tecnologia.

Salvador procurou na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde estudava, alguém com habilidades complementares. Não encontrou ninguém. Ele, então, teve a ideia de oferecer R$ 100 para que um amigo o ajudasse a encontrar uma pessoa ideal.

“Tínhamos esse amigo em comum e fui apresentado ao Rodrigo”, afirma André Simões, que era estudante de sistema da informação e também tinha um projeto de startup parecido com o de Salvador. Trabalhando a quatro mãos, eles reformularam o site da Passei Direto e foram aceitos na aceleradora.

“Ao pedir demissão para o meu chefe, disse que iria me dedicar a minha própria empresa”, afirma Simões. “Mas ele gostou tanto da nossa ideia que quis ser sócio investidor.”

O chefe de Simões era Marco de Mello, dono da empresa de tecnologia Grupo Xangô e que já tinha atuado como executivo da Microsoft. O aporte foi de R$ 500 mil.

Desde então, a empresa passou por mais duas rodadas de investimentos e levantou um montante de 26 milhões de fundos como a Red Point, Valor Capital e Bozano Investimentos.

“Os investidores atuam principalmente com networking, conectando a Passei Direto a clientes e parceiros que nos ajudam a aperfeiçoar o nosso sistema”, afirma Simões.

No último ano, por exemplo, a empresa desenvolveu um aplicativo para que os 4,5 milhões de usuários possam acessar a plataforma por smartphone. A empresa também passou a gerar receita ao oferecer um serviço para que empresas, como IBM, P&G, L’Oréal, ofereçam vagas de emprego a estudantes por meio da rede social.

O QUE MAIS DEVE SER LEVADO EM CONSIDERAÇÃO

É recomendado que o empreendedor realize um tipo de checklist sobre as expectativas do candidato a sócio. Quais são as ambições em relação à empresa? Está disposto a permanecer no negócio mesmo que não dê lucro nos próximos anos?

“Se as expectativas forem diferentes, o risco de haver problema no futuro será alto”, afirma Scharra, da Inside Business Design.

Os valores pessoais também precisam ser considerados, pois eles podem influenciar a maneira como as decisões de negócios são tomadas.

Por exemplo, se um sócio possui valores ligados à filantropia e o outro tem postura materialista – lucro acima de tudo – pode acontecer conflito ideológico.

“Os sócios não precisam ser amigos, pois a empatia pode acontecer com o tempo”, afirma Scharra. “Mas, caso não haver harmonia de expectativas e valores, dificilmente nascerá uma amizade.”

Os catarinenses Marlon Souza e Jean Gonçalves se conhecem desde a infância. Por 30 anos, não se viram. Por acaso do destino, se reencontram na sede de um cliente em comum quando já eram empreendedores.

Souza é dono da Morphy, desenvolvedora de softwares e aplicativos. Gonçalves, fundador da Brinque-Lonas, que fabrica brinquedos educativos.

Na época do reencontro, Souza estava desenvolvendo um tipo de tablet gigante, que servia para entreter crianças em restaurantes, centros médicos e outros estabelecimentos.

Gonçalves se interessou pelo projeto e os dois firmaram uma parceria. “A Brinque-Lonas possuía uma rede de distribuidores e fornecedores no mercado infantil e infraestrutura para produzir o hardware”, afirma Souza. “Por outro lado, eu tinha conhecimento na área de aplicativos”.

Após seis meses, eles perceberam que o novo produto não cresceria se não tivesse funcionários e gestores dedicados integralmente ao projeto. A parceria evoluiu para uma sociedade. Em 2014, criaram a Playmove, que tem como principal produto uma mesa interativa de jogos educativos – batizado de Playtable.

Atualmente, o produto é usado em cerca de 600 escolas públicas e privadas de ensino infantil e básico de todo o Brasil.

SEM BRIGAS NO FUTURO

Após escolher um bom sócio, os empreendedores parceiros devem chegar a acordos sobre responsabilidades e o nível de autonomia de cada um dentro da empresa.

O ponto crucial é a remuneração. É recomendado que o salário seja equivalente à função de cada sócio.

“O ideal é que a diferença não seja superior a 30%”, afirma Scharra. “Se a disparidade for muito grande, a possibilidade de sentimento de injustiça pode causar conflito.”

A remuneração também não pode comprometer o caixa da empresa. Quanto mais baixa for, desde que não prejudique a vida pessoal, melhor. Valores mais volumosos devem ser pagos no final do ano como dividendos sobre os resultados positivos.